A Pastoral da Saúde foi criada pela CNBB no dia 09 de maio de 1986 em Brasília, no contexto do 8º Encontro Nacional, previsto no 8º Plano Bienal dos Organismos Nacionais da CNBB, na página 164 desse Plano se lê:
“A Igreja, em sua larga tradição de zelar pela saúde e no espírito da CF de 1981 (Saúde para todos) deseja manter viva a preocupação pela saúde do povo brasileiro, como serviço de valor eminentemente evangélico”.
Claro está que este ato fundacional teve um processo e uma caminhada que teve como fontes inspiradoras que impulsionaram a criação desta pastoral, duas vertentes:
a) no plano externo os movimentos sociais especialmente o movimento sanitarista que defendia a saúde pública e o movimento constituinte que almejavam uma Constituição Cidadã que garantisse a saúde integral como direito do povo;
b) no plano interno e eclesial destacamos o Grupo de Reflexão da Saúde da CRB constituído em 1976 que em 1977 motivou junto aos Regionais onde acontecia a pastoral dos enfermos depois denominada da saúde a realização do I Seminário Nacional de Saúde, tratando de articular experiências de saúde comunitária.
Mas o acontecimento que trouxe mais ressonância foi o lançamento da Campanha da Fraternidade de 1981 com o tema Saúde para Todos, que foi coordenada pelo Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética (ICAPS) em parceria com a Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo.
A partir de 1990 teve o acompanhamento da coordenação nacional da PS-CNBB. No Encontro Nacional de 1986 foram distinguidos os três setores na Pastoral da Saúde, que naquele momento eram pensados e expressos assim:
- Pastoral dos Enfermos, hospitalar e domiciliar;
- Pastoral da Saúde Comunitária, que é popular, preventiva, curativa, integrada, educativa, transformadora e organizativo. A Pastoral da Criança entraria neste trabalho;
- Pastoral da Saúde Institucional, que procura influir no Ministério da Saúde, Secretarias estaduais da Saúde, Faculdades de Medicina, Escolas e outras Instituições da Saúde.
Vemos nestes primórdios já uma abordagem da saúde em nível preventivo, sociopolítico e comunitário.
Após este momento de origem passou-se a uma fase de consolidação na qual se definiu melhor a conceituação das Diretrizes de ação da Pastoral da Saúde-CNBB. Como resultado de três anos de consultas, discussão e diálogo em todas as instâncias, coordenações regionais e diocesanas, se chegou à seguinte visão sobre o trabalho da PS e sua abrangência:
“É ação evangelizadora de todo o Povo de Deus comprometido em promover, defender, cuidar e celebrar a vida, tornando presente no mundo da saúde a ação libertadora de Jesus, nas seguintes dimensões (o termo dimensão substitui ao termo setor):
- Solidária,
- Comunitária e
- Político-Institucional.”
Se acrescentou como Objetivo Geral:
Evangelizar com renovado ardor missionário o mundo da saúde, à luz da opção preferencial pelos pobres e enfermos, participando de uma sociedade justa e solidária a serviço da vida.
Junto à sistematização pastoral e doutrinal, a PS começou um processo de expansão, estando presente hoje em quase todos os regionais e na maioria das dioceses.
Houve um contributo de muita reflexão e esclarecimento através dos Congressos Nacionais da Pastoral da Saúde, dos Encontros de Capelães Hospitalares, dos numerosos seminários e simpósios de saúde realizados nos Regionais e Dioceses.
Merece certamente destaque a incidência político-transformadora nas políticas públicas de saúde através da participação nos conselhos de saúde nos diversos níveis, na defesa do SUS, na presença nas conferências nacionais, estaduais e municipais de saúde e também na primeira conferência livre sobre saúde mental dos agentes de pastoral, promovida pela PS em 2025.
A qualificação na formação de lideranças, coordenadores e agentes, no planejamento e dinâmicas organizacionais de implantação e expansão.
Como se vê ao longo desta trajetória brevemente apontada, temos história para contar, testemunhos firmes e exemplares de agentes que deram a vida especialmente na pandemia, e a certeza — como diz o teólogo José Antônio Pagola no seu livro Ide e Curai, Evangelizar o mundo da saúde e da doença — que somos uma pastoral fundada pela ação salvadora do próprio Jesus, que veio trazer para todas as pessoas saúde e vida em abundância. <br>
+Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo Diocesano de Campos
Referencial da Pastoral da Saúde Nacional
Imagem: gerado por ChatGPT em 05/05/2025
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